Sexta-feira, 24 de abril
17h | Jarid Arraes e Paulo Scott. Mediação de Nanni Rios.
17h | Ana Paula Maia e Daniel Galera. Mediação de @literatamy.
"Transbordando sentimentos puros em palavras"
Sexta-feira, 24 de abril
17h | Jarid Arraes e Paulo Scott. Mediação de Nanni Rios.
17h | Ana Paula Maia e Daniel Galera. Mediação de @literatamy.
Sexta-feira, 24 de abril
17h | Jarid Arraes e Paulo Scott. Mediação de Nanni Rios.
17h | Ana Paula Maia e Daniel Galera. Mediação de @literatamy.
É curioso como eu guardo com carinho a sua lembrança. Geralmente, a mágoa em minhas frases é clara ao salientar os defeitos alheios como se eu mesma também não fosse causa de términos. Exceto contigo.
Talvez se deva ao primeiro amor, época de descobertas intensas sobre nós mesmos. Ou talvez por eu ter me culpado bastante por termos nos afastado, o que me impossibilita de enuviar minhas lembranças. Não que eu tenha esquecido esse seu desleixo com o mundo, os seus vícios ou a sua falta de tato. São só detalhes. É isso que te faz humanamente extraordinário.
Não, meu bem, isso não é uma declaração de amor. Hoje te encontro e me surpreendo por não mais ter borboletas no estômago. É que aquele afeto tomou outros rumos, que eu não sei bem explicar. Mas permanece em intensidade.
Aquele rapaz de dezessete anos que você foi me transformou despretensiosamente. A pessoa que me tornei leva um pouco de ti consigo, como bem nos alertou Antoine de Saint-Exúpery. Esse pouco que, hoje percebo, fez-me amadurecer tanto.
Assim refletindo, descubro que é só dar tempo ao tempo que a gente começa a agradecer por tudo o que nos fez o que somos. Não é isso que quero dizer, afinal? Obrigado.
Autora: Samyle S.
Daqui queria partir. Sonhadora, à flor da pele, achando o lugar pequeno pro seu mundo gigante. Aqui, terra das impossibilidades. Mas você se deixou ficar, devido à falta de coragem, e nada esperava além do mofo dos dias. Cá. Lar.
Mas, menina, a vida surpreende mesmo. Agora esse lugar pequeno cabe exatamente você. E essa gente sem rosto passou a ser mais um cômodo da sua casa. Gente querida, que te faz sorrir. Você aprendeu a ver a delicadeza de cada dia assim.
A ideia de partir, hoje tão concreta e certa, parece um delírio. É como desmembrar você. Mas calma.
“Se eu partir
Minha casa é o que eu sou
Junto aqui
Minhas asas, dores, amores, receitas de pão
Empilho tudo assim
Pra quando a vida bater
Respirar fundo até transbordar em mim”
Versos que Compomos na Estrada
Autora: Samyle S.
Você está a fim dela. Moça bonita, simpática, gente fina. Excessivamente tímida, coitada. Um tanto difícil também, você sabe que precisa conquistá-la. Um bom papo, gentilezas aqui e acolá. Para demonstrar interesse, você sempre a toca: ombros, mãos, braço. Ela, acanhada, sorri de leve. Incentivo suficiente.
Uma abertura pequena à vista, você passa a mão. Costas, cintura, dissimuladamente perto do seio. E não é só uma mão, é aquela mão. Com desejo. Você faz isso, é claro, em um local público. É só uma demonstração de carinho, afinal. Inofensiva.
Veja bem, o óbvio precisa ser dito: o corpo dela não é público. Ninguém tem o direito de passar a mão em alguém sem expresso consentimento. E sorrisos, especialmente vindo de gente que não demonstra interesse, raramente significam “sim”. Para não correr o risco de ser agressivo com seus “carinhos”, é bem fácil. Convida a menina para ir ao cinema. Ou vai me dizer que você tem coragem de passar a mão no corpo dela, mas não consegue fazer um simples convite?
Se a resposta for sim, talvez a questão não seja falta de coragem. Talvez seja bem mais fácil se aproveitar dela assim, disfarçadamente, no meio de várias pessoas, para deixá-la envergonhada em dizer que seu carinho, na verdade, incomoda. Porque, afinal, ela não quer fazer escândalo. Quem vai querer chamar a atenção geral quando já se está sentindo vulnerável, não é mesmo?
Então, agora que você está ciente disso, bora combinar: chama a menina pra sair. Pede permissão. Do contrário, é violência, não carinho.
Autora: Samyle S.
Inês, perdoa a falta de jeito dele. Você pediu o que ele não podia dar. Ele se deu até o limite que você mesma impôs. E você, ainda incerta entre o desejo e a quimera, repeliu a ambos. Repeliu o ‘nós’.
Vê-lo dói. Você disfarça com uma raiva vinda sabe-se lá de onde, ele te olha sem entender o por quê. Nem você sabe o por quê, Inês. Enumera os mil defeitos dele, bem como o trato que te destratou. Mas não basta. É só ferida aberta, você que não superou.
Autora: Samyle S.